Para você, viver em comunidade não passa de uma filosofia hippie? Pois saiba que esse pensamento está ultrapassado. Em vários lugares do mundo, o conceito de coliving – uma forma de moradia compartilhada – já faz parte da realidade de muitas pessoas. Mas, ao contrário do que pregavam os adeptos da “paz e amor”, a ideia desses empreendimentos não é dividir os espaços físicos em si, mas compartilhar ideias e objetivos em comum.
No coliving, moradores precisam ser colaborativos e pensar na sustentabilidade
As moradias, geralmente mobiliadas, têm quartos e banheiros privativos, áreas de lazer e convivência compartilhados, serviços de limpeza divididos e já incluídos nos custos. Ou seja, é como morar com uma família grande e ter que dividir a cozinha, o terraço e as despesas. Por isso, os espaços costumam ser bem projetados, modernos, tecnológicos e com áreas de convivência equipadas para atender vários estilos de vida e gostos. Muitos lançamentos nesse setor já oferecem, inclusive, lavanderia, internet, churrasqueira, espaço fitness, área para pets, salão de festas, brinquedotecas etc.
No Brasil, compartilhar espaços não chega a ser uma novidade, sobretudo para os jovens que saem de suas casas para estudar em outros estados. Mas, a diferença entre o coliving e “sair da casa dos pais” está mais na necessidade de socialização do que na de dividir espaços. Para além da busca por economia, o morador opta por lugares compartilhados pelo desejo de “se sentir em casa” e poder viver e se divertir com outras pessoas.
Conceito foi criado para promover uma sociedade mais sustentável
O coliving surgiu em 1988 quando o arquiteto norte-americano Charles Durrett fundou a The Cohousing Company, uma organização que preza uma convivência compartilhada em prol da sustentabilidade. Com a disseminação do conceito, a Coliving.org, então, organizou um documento com os principais fundamentos da iniciativa, ressaltando ser “uma comunidade que está em harmonia com a individualidade, mas que aproxima as pessoas e promove a troca de experiências”. Isso reforça que todos os moradores têm direito à privacidade, mas devem se envolver em questões ecológicas, empreendedorismo e colaborar com atividades programadas, como a economia de recursos naturais e a divisão de tarefas e decisões.
No conceito americano, a moradia compartilhada é algo mais próximo de uma estadia em um hotel, mas com a oportunidade de conviver com os outros hóspedes em salas e cozinhas compartilhadas. Por essa razão, esse estilo atrai muitos estudantes e jovens que moram sozinhos. As construtoras brasileiras, no entanto, se mostram antenadas com essa nova tendência e muitas já estão, inclusive, construindo edificações com apartamentos de 1 dormitório ou em formato estúdio.
O coliving estimula a socialização e a economia colaborativa
As iniciativas ligadas à economia compartilhada estimulam os moradores a um estilo de vida mais simples, funcional, colaborativo e que gera menos impacto ambiental. As moradias compartilhadas têm por filosofia adotar sistemas de reaproveitamento de água, captura de energia renovável, coleta seletiva, decorações mais ecológicas e soluções mais econômicas de limpeza. Além disso, o sistema também incentiva a economia do consumo individual estimulando o compartilhamento de objetos, equipamentos, meios de transporte, etc. Essa troca diária exige que as pessoas tenham objetivos em comum e uma maior receptividade para se unir em prol de uma causa maior.
Essa dinâmica sustentável já tem sido adotada por muitos condomínios, mas difere do coliving pois não oferece uma experiência compartilhada de ações e decisões. Enquanto em prédios, muitas vezes, a pessoa quer mais é fugir do vizinho, no conceito a regra é aproximar as pessoas através do lazer e divisão de tarefas em prol da coletividade.
Além de ser um tipo de moradia mais flexível, pode ser mais econômica já que, ao invés de pagar um aluguel apenas para morar, a pessoa pode agregar serviços, ter melhor controle de contas de consumo e, de quebra, fazer novos amigos.