Cada vez mais, as crianças têm papel de protagonistas nas tomadas de decisões de suas famílias. Com o design e uso dos espaços da casa, não é diferente. Mãe de um menino de 6 anos de idade e de uma menina de 3 anos, a arquiteta e gerente executiva de produtos da MRV, Juliana Lopes, sente essa mudança na pele, pelos dois lados, como mãe e como profissional. “Antes não tinha essa preocupação com o espaço infantil”, afirma ela, lembrando da época em que muitos cômodos da casa eram até proibidos para os pequenos, por exemplo, a biblioteca e a sala de visita. 

Mas as coisas mudaram, como conta a arquiteta. “No livro ‘Disciplina Positiva’, a autora Jane Nelsen começa falando do protagonismo infantil, de como a criança se insere no meio, repetindo situações que ela observa. Na medida em que as relações de poder e submissão vão sendo mais equilibradas, a criança também vai se sentindo mais igual. Agora já se busca uma integração na moradia, no lazer, em restaurantes, nos espaços de forma geral”. Não é à toa que os prédios estão cheios de opções para o lazer infantil e muitas vezes até trazem à tona aquele clima de interior, onde era possível brincar na rua sem medo, como recorda Juliana.

E já que agora os pequenos estão no poder, só resta buscar formas de integrar os espaços adultos e infantis da melhor forma.

Segurança é a regra número 1 para o espaço infantil

Muito antes do design e da organização, está a segurança. Requisito que deve ser a premissa de todas as escolhas, desde o tipo de material até os objetos de decoração. 

Evitar puxadores de ferro ou pontiagudos, para que a criança não esbarre e se machuque, dando preferência aos móveis com puxadores do tipo cava (em baixo relevo), tapar os interruptores, colocar protetores nos cantos de mesas e balcões, instalar telas nas janelas e varandas e nunca deixar escadas por perto, são algumas dicas de Juliana.

A cozinha é um dos cômodos mais preocupantes. Por isso, a arquiteta recomenda que os utensílios perigosos como facas e garfos fiquem mais no alto ou que as gavetas sejam trancadas. Atualmente, já há disponível no mercado travas de segurança específicas para a gaveta com um design bem discreto que não vai interferir muito na decoração. Cristaleiras, vasos que quebram e objetos de valor sentimental também devem ficar (bem!) longe dos pequenos. Para o bem deles e o seu.

Espaço infantil que favorece o desenvolvimento

Se é preciso colocar algumas coisas para o alto, o inverso também é recomendado. Nesse caso, para dar mais autonomia às crianças. Na cozinha, deixe os utensílios deles nas partes mais baixas dos armários para que eles mesmos possam pegá-los quando for preciso. 

No quarto, os princípios da decoração montessoriana também têm esse objetivo, de dar mais liberdade para que a criança seja autônoma, desenvolva a responsabilidade e a autoconfiança. Para a sua filha mais nova, Juliana optou por essa solução e recomenda: “foi prático e dá muita autonomia”. “Antes era mais difícil achar um móvel diferenciado assim. Tinha que ser algo sob medida. Hoje, já existem várias opções no mercado. Até modelos que você pode ir acoplando ou ajustando o tamanho e a altura conforme a criança vai crescendo”, acrescenta.

As caixas organizadoras são outros acessórios que não podem faltar em uma casa com crianças. Elas também vão ao encontro do conceito em fazer com que os pequenos se sintam parte do lar, inclusive, no que se refere às tarefas domésticas. Como diz o ditado, é de pequenino que se torce o pepino. Com as caixas em lugares acessíveis, as próprias crianças podem ter a missão de guardarem os brinquedos após a diversão para manter tudo organizado.

Pense bem na escolha de materiais e cores

Não tem como negar que móveis brancos dão um toque de elegância e sofisticação, além de serem muito fáceis de compor a decoração da casa. Mas também é inegável que mesmo os adultos sofrem para manter o branco… branco! Agora imagine as crianças em um sofá todo branquinho? Segundo Juliana, a mesma lógica serve para os móveis, não só em relação às cores, mas também aos tipos de materiais. Nas bancadas, por exemplo, Juliana recomenda o uso de granito. Esse tipo de pedra é mais resistente e, por ser menos porosa que o mármore, não há risco de ser manchada. “O mármore mancha porque ele pode absorver substâncias líquidas”, ensina.   

Espaço infantil para soltar a criatividade

E que tal ir ainda além? Mais que integrar os espaços infantis é possível criar ambientes especiais em que as crianças são livres para soltarem a imaginação. Em uma pequena parede, ou mesmo em uma parte dela, você pode pintar de preto fosco ou comprar um adesivo lousa e deixar o giz correr solto. Tem ainda a opção colorida do cantinho da pintura, que você pode fazer com um suporte de tela para desenho. É como se fosse um quadro em branco na parede, mas que vem com um rolo de papel acoplado na parte superior. Assim, você deixa a folha no quadro, fixado na parede, e quando seu filho preencher todo o espaço, é só puxar o rolo para ter uma nova tela em branco. Quem vai sair ganhando é você, sem as “obras de arte” com gizes de cera e canetinhas do seu filho dando um toque novo na sua decoração!

Com o olhar atento às necessidades das crianças e conhecendo todas as opções que o mercado e a criatividade possibilitam, fica bem mais fácil ter uma casa onde cada um tem o seu cantinho de forma harmônica e bonita.

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