O Brasil atingiu um marco histórico no endividamento da população em 2025. Segundo o Mapa da Inadimplência da Serasa, o País conta com o impressionante número de 79 milhões de consumidores inadimplentes, um recorde que demonstra nove meses consecutivos de alta, com o ingresso de 318 mil novos negativados apenas em setembro.
A soma dessas dívidas ativas se aproxima dos R$ 500 bilhões, o que coloca cerca de metade dos adultos brasileiros em situação de inadimplência. Diante desse cenário de crise de crédito, onde a pressão sobre bancos, cartões de crédito e contas básicas (utilidades) é alta, a reação precisa ser estratégica e, acima de tudo, equilibrada. Para te ajudar a não “surtar”, conversamos com o influenciador Eduardo Feldberg, o Primo Pobre, que compartilha com o S&M lições práticas para tentar descomplicar a sua vida financeira e ajudar a quebrar esse ciclo de dívidas.
6 truques e estratégias do Primo Pobre para sair das dívidas
Segundo o Primo Pobre – vencedor do Prêmio iBest 2025 de melhor Influenciador de Investimentos do Brasil – sair do endividamento exige disciplina, mas o primeiro passo é mudar a mentalidade. O foco deve ser na ação imediata e no planejamento de longo prazo. “Dívida é tudo aquilo que a gente compra e ainda não pagou, ou seja, comprar muita coisa não necessariamente te gera dívida. Parcelar muita coisa é o que gera dívida”, ensina Feldeberg. Diante disso:
1. Tenha uma meta clara: o foco que te tira do buraco

Sair das dívidas é um processo longo. Por isso, a primeira estratégia é ter calma e definir um objetivo claro e motivador. Primo Pobre alerta que não basta querer “sair do vermelho”; você precisa de uma meta específica para manter a disciplina nos momentos mais difíceis.
“Tem uma frase que falo no canal @primopobre que é: enquanto você não tiver uma meta ou um sonho para realizar, qualquer porcaria na vitrine de um shopping vai levar o teu dinheiro. Comprar um imóvel, por exemplo, é uma meta, um sonho, algo muito legal para você conquistar”, aconselha.
- Dica do Primo: o desejo vem o tempo todo. Portanto, a toda hora vamos querer gastar com alguma coisa. Nessas horar é preciso “dar uma segurada” e focar em gastar somente com aquilo que é preciso ter e não com aquilo que se deseja ter.
2. Faça um raio-x honesto da sua situação financeira
Você não pode resolver um problema que não conhece. Então, antes de qualquer coisa, liste todas as suas dívidas – de cartão de crédito e cheque especial a carnês e empréstimos. “Todo parcelamento inevitavelmente gera uma dívida. E por mais que você pague a parcela mensalmente, ainda terão várias outras pela frente”, enumera o Primo. Diante disso, anote:
- O valor total devido (o saldo devedor).
- O valor da parcela mensal.
- A taxa de juros (o grande vilão!).
- Dica do Primo: priorize pagar as dívidas com juros mais altos (cartão de crédito e cheque especial são quase sempre os piores). Este é o seu campo de batalha e o seu diagnóstico. “Atualmente, a fatura média dos brasileiros fica em torno de R$1.500… O valor do salário mínimo! Ou seja, o cartão de crédito é responsável por quase 90% dos endividados. A pessoa compra as coisas parceladas e não se dá conta que o dinheiro está saindo.”
O que fazer? Parar de usar o cartão e tentar juntar dinheiro para comprar à vista. Use o cartão apenas quando for extremamente necessário.
3. Controle o impulso: espere antes de comprar
O endividamento muitas vezes nasce da compra impulsiva. O Primo Pobre defende a tática da espera como uma barreira de proteção: “Claro que muita gente se endivida porque está desempregado, porque perdeu tudo na pandemia, porque tem algum problema de saúde, mas muitos se endividam porque não sabem esperar a hora certa de comprar as coisas. O endividamento tem muito a ver com o controle emocional. O ideal é juntar dinheiro, daí você vai lá e compra.”
- Dica do Primo: use esse tempo de espera para refletir se a compra é realmente necessária, se cabe no orçamento e se vai te afastar do seu objetivo de quitar as dívidas. “Quem não sabe dizer não para os pequenos desejos, nunca vai alcançar grandes conquistas.”
4. Organização financeira: Primo Pobre sugere corte de supérfluo

Organização não é apenas anotar gastos, é fazer escolhas difíceis. Para sair das dívidas, é preciso um corte radical nas despesas que não são essenciais, focando apenas no indispensável.
Para o criador de conteúdo, supérfluo é tudo aquilo que gastamos sem precisar, como aquela blusinha que compramos por impulso ou a plataforma streaming que mantemos, mas pouco assistimos. “A falta de organização financeira faz as pessoas ficarem perdidas e aí, quando chega no sexto dia útil, ela fala que não sabe onde foi parar o dinheiro. Por isso que a pessoa tem que fazer uma planilha, onde deve anotar tudo o que ganha e tudo o que gasta”, ensina.
- Dica do Primo: seja honesto com seus gastos: reveja assinaturas, lazer e pequenos gastos diários que somados geram um grande rombo no fim do mês.
5. Renda extra e negociação inteligente
Embora a organização corte gastos, muitas vezes o endividado precisa de mais dinheiro entrando. “Se você está com muita dívida, com juros muito altos, tipo cartão de crédito estourado, cheque especial estourado, essas dívidas, elas têm juros absurdos, muito altos mesmo, a primeira opção é fazer renda extra. Assim, você vai conseguir gerar mais dinheiro e quitar mais rápido as dívidas”, acredita Feldberg.
Segundo o influencer, se a pessoa está muito endividada e o salário dela já está todo comprometido, uma hora, provavelmente, ela já não vai conseguir pagar a parcela de um financiamento. E, antes que isso aconteça, é bom pensar em fazer “um bico”, “um freelancer” ou algum tipo de atividade que possa aumentar a renda.
Trocando uma dívida maior por uma menor
Em último caso, para quem tem dívidas com juros muito altos, o Primo sugere recorrer a um empréstimo com juros mais baixos. “Eu não costumo aconselhar ninguém a fazer empréstimo, mas se os juros estiverem exorbitantes, pegar um dinheiro com taxas mais baixas pode ser a solução para resolver o problema.”
No entanto, com o dinheiro do empréstimo em mãos, não saia pagando a dívida sem antes tentar fazer uma negociação inteligente. Muitos bancos e credoras estão abertas à negociação e é possível conseguir bons descontos para pagar as dívidas à vista.
- Dica do Primo: utilize o empréstimo como último recurso. Procure gerar renda, por exemplo, vendendo objetos que não usa mais, alguma coisa que sabe fazer ou fazendo hora extra. É cansativo, mas cansa e estressa mais dormir com dívida.
6. Construa uma reserva de emergência

Quitar as dívidas é apenas metade do caminho. Para não reincidir (o que acontece com muitos negativados), você precisa de uma “mureta de proteção”. “Sempre vai ter uma emergência. É um pneu que fura, é um chuveiro que queima, é uma bateria do carro que dá pau… Então, quando a pessoa não tem uma reserva de emergência, um dinheiro para pagar e para resolver esses pequenos problemas, ela se endivida. Como? Fazendo empréstimo, pedindo, usando o limite, o cheque especial, pedindo dinheiro para uma pessoa ou outra”, detalha.
A Reserva de Emergência, então, é um valor poupado para cobrir despesas inesperadas. O objetivo é evitar que você recorra a novos empréstimos ou ao cartão de crédito ao menor imprevisto. Comece com pouco, o equivalente a um ou dois meses do seu custo de vida, logo após quitar as dívidas mais altas.
- Dica do Primo: você tem que saber onde quer chegar, o que quer conquistar, caso contrário não vai poupar e acabar fazendo gastando dinheiro com coisas irrelevantes.
Dica bônus do Primo Pobre: o primeiro passo é mudar a mente
O influencer – que escreveu o livro “Deixe de Ser Pobre!”, um dos 5 mais vendidos do Brasil – revela que a estratégia mais importante para a transformação é a educação financeira e a mudança de mentalidade:
“Não adianta você quitar a dívida se continuar fazendo besteira. Então, estudar sobre educação financeira é fundamental porque vai te ajudar a não fazer dívida, a otimizar sua renda, a conseguir realizar seus sonhos e suas metas”, diz, indicando os livros “Os Segredos da Mente Milionária”, “Pai Rico, Pai Pobre”, “O Homem Mais Rico da Babilônia”, “Quem Pensa Enriquece” e “A Psicologia Financeira” para quem quer aprender mais sobre finanças.
Com sua maneira direta e reta de falar, Eduardo Feldberg encerra dizendo que a mudança de atitude e a busca por conhecimento são os combustíveis que movem as estratégias. E, a disciplina de usar o diagnóstico, controlar o impulso e organizar os gastos só virá se você estiver realmente determinado a dominar as finanças. “Eu também já fui lascado, mas corri atrás do prejuízo. Se eu consegui, todo mundo consegue.”