Conquistar um canto para chamar de seu e, finalmente, morar sozinho é motivo de grande comemoração. Geralmente, esse momento representa a emancipação dos pais, uma mudança de cidade, enfim, uma nova fase da vida.

Primeiro vem aquela euforia de quem alcançou a tão sonhada independência: a empolgação de comprar seu apê, montar a casa do seu jeito, com as suas cores, abrir as portas para os amigos, fazer barulho até mais tarde. Porém, passado esse primeiro momento, a ficha cai.

Junto com a liberdade vem uma série de responsabilidades. Para não ter que recorrer à família e, de certa forma, admitir que fracassou, o fundamental é, antes de dar esse passo tão importante, fazer um bom planejamento.

Quer saber como começar essa nova fase da vida sem passar apuro? Continue a leitura!

Como fazer um planejamento financeiro para morar sozinho?

Uma pesquisa realizada no Brasil revelou que 62% dos solteiros da chamada geração millennial — pessoas nascidas entre 1985 e 2000 — desejam morar sozinhos. Metade dos entrevistados tem pressa para sair da casa dos pais e declarou que pretende fazer isso imediatamente ou em até 3 meses.

Contudo, essa decisão, além dos prazeres, traz consigo muitos riscos. É muito comum, por exemplo, que esse jovem, que até outro dia contava com toda a retaguarda dos pais, descuide-se e se endivide.

Para quem quer encarar esse desafio, separamos algumas dicas, principalmente de finanças para jovens, que ajudarão a elaborar um planejamento e, assim, iniciar com mais tranquilidade e segurança essa nova fase da vida. Confira!

Organize suas finanças

Assim que é tomada a decisão de morar sozinho, o primeiro passo é colocar a vida financeira em dia. Mesmo morando com os pais, muitos jovens estão endividados. Começar uma nova fase assim é bem mais complicado.

Se esse for o seu caso, procure renegociar suas dívidas e corte tudo o que não for essencial. Aproveite que ainda não precisa assumir as despesas de casa sozinho para colocar as finanças em ordem. O ideal é que você faça, inclusive, uma reserva financeira antes de se mudar.

Defina o tipo do imóvel de acordo com as suas condições

Nesse ponto você terá que tomar algumas decisões: vai comprar ou alugar? Qual tamanho? Onde? Perto do trabalho ou da família? Vai dividir com um amigo?

A casa própria sempre é uma segurança e muitos jovens optam por adquirir o primeiro imóvel — que pode, inclusive, ser financiado — já que se trata de um bom investimento e de uma excelente maneira de começar a vida.

E morar sozinho não significa, obrigatoriamente, sem mais ninguém. Você pode desfrutar de liberdade tendo um inquilino e dividindo as despesas com um colega, por exemplo. O importante é que os gastos com esse imóvel caibam no seu bolso!

Assuma as tarefas domésticas

Aprender afazeres domésticos antes de sair da casa dos pais é muito importante. Isso também vai garantir sua independência, inclusive financeira. Afinal, contratar alguém para lavar sua roupa, limpar e organizar a sua moradia ou cozinhar implica em mais custos.

Lembre-se sempre de que morar sozinho não é fazer tudo o que se deseja, mas ser responsável por tudo o que se faz. O que inclui as tarefas domésticas!

Faça um levantamento de custos

Elabore uma estimativa de quanto você precisará para morar sozinho. Muitos jovens nem sabem quanto os pais gastam com água ou energia. Faça uma lista com todos os gastos essenciais, como luz, água, internet, condomínio, gás etc.

Tenha em mente que esses gastos vão se somar ainda às suas despesas pessoais, gastos com o carro, com a faculdade ou com material didático.

É fundamental que tudo isso caiba no seu orçamento. Se tudo estiver indo bem, você poderá começar a planejar a segunda lista, dos custos para montar a casa.

E não se assuste: é normal que os custos se mostrem mais altos do que você havia imaginado. A melhor solução para isso é remanejar o orçamento e até cortar gastos.

Nesse momento, você provará que está realmente maduro para morar sozinho, disposto, até mesmo, a abrir mão de certos confortos.

Mantenha uma reserva de emergência

Além dos gastos fixos, inclua na simulação de custos os gastos eventuais. Sim, a partir de agora você terá que lidar também com os imprevistos de uma casa, como manutenção, gastos extras que vêm na cobrança de condomínio etc.

É normal começar com um orçamento apertado, mas não pode ser tão justo a ponto de não sobrar nada no fim do mês. Portanto, planeje-se também para ter essa pequena folga.

O correto mesmo é que, antes de começar a morar sozinho, você consiga guardar para emergência um valor entre um e três salários-mínimos. Caso isso não seja possível, programe-se para economizar algum dinheiro todo mês, independentemente do valor.

Converse com quem já passou por essa experiência e aproveita todas as dicas.

Como comprar o primeiro apartamento?

Para aqueles que decidiram dar um passo maior ainda e, além de morar sozinho, comprar seu primeiro imóvel, vale dizer que a responsabilidade e o cuidado com o planejamento aumentam. Confira no episódio 26 do podcast Sonhar&Morar, como foi essa conquista para  Suelen Marcelino, do perfil no Instagram “@umacasapraela”.

E antes de fechar negócio, siga esses passos:

Prepare-se financeiramente

Mais uma vez entra em jogo o controle financeiro. A compra de um apartamento exige que você seja organizado, econômico e que até abra mão de algumas coisas em prol da casa própria.

Além de todas as dicas sobre controle financeiro que já demos (renegociar dívidas, poupar, fugir do que não é essencial etc.), aqui vale lembrar que tentar aumentar a renda é uma ótima alternativa.

E isso não significa arrumar mais um emprego. Essa renda pode vir de investimentos financeiros, por exemplo, como títulos de dívidas públicas, que apresentam baixo risco e rendimento.

Você também pode fazer alguns trabalhos como freelancer ou, se tiver habilidade, fazer bolos para fora. O importante é usar a criatividade, aumentar seus recursos financeiros e comprar a sonhada casa própria.

Avalie se precisará de um financiamento

Para quem vai morar sozinho é muito difícil que tenha dinheiro suficiente para comprar um imóvel à vista, mas não se preocupe. Hoje, instituições financeiras oferecem opções para os mais variados perfis de compradores.

Por isso, analise as alternativas, sempre considerando as condições de pagamento e taxa de juros oferecidas.

Um imóvel na planta também pode ser uma opção para quem não tem pressa para mudar. Nesse caso, ainda é possível fazer financiamento, às vezes com a própria construtora.

Para quem está comprando a casa própria é muito importante verificar toda a documentação e a idoneidade da construtora. Além disso, no contrato devem estar claros o prazo de entrega e os padrões previstos.

Confira se o imóvel não tem dívidas

É recomendável que imóveis usados passem por uma auditoria rígida para evitar riscos com IPTU atrasado, dívidas de condomínio ou, ainda, que esse imóvel seja alvo de penhora na justiça.

No caso de um imóvel usado, você precisará verificar:

  • Matrícula do bem;
  • Certificado negativo de ação cível e criminal do vendedor e do seu cônjuge;
  • Certidão negativa de débito do condomínio;
  • Certidão negativa do IPTU;
  • Certidão negativa de utilidade pública do imóvel;
  • Contrato de compra e venda;
  • Registro do contrato de compra no cartório de imóveis.

Para um imóvel novo, peça:

  • Memorial descritivo;
  • Convenção do condomínio;
  • Certidão negativa de débitos do condomínio.

Além disso, verifique sempre o estado de conservação do imóvel, se nas redondezas há estádios, casas de show, se há feira na porta ou muito ruído. Também vale a pena saber se existe policiamento no local e procurar dados sobre crimes na região.

Prepare-se para as despesas

Como vimos, morar sozinho implica em despesas com as contas da casa nova. Porém, quem está comprando o primeiro apartamento também precisa se preparar para alguns gastos extras, principalmente no caso de financiamento. Veja:

  • Custos com avaliação das condições do imóvel;
  • Custos com análise jurídica da documentação;
  • ITBI aplicado segundo alíquota de cada município;
  • Custos com documentos de cartório e registro de imóveis.

Esses gastos, geralmente, representam entre 6% e 8% do valor total do imóvel.

Veja também o episódio especial do podcast Sonhar&Morar:

Como montar uma casa do zero?

montar um imovel do zero

Imóvel escolhido, seja ele próprio ou alugado, é hora de começar a montar a casa. É muito comum na vida de quem está saindo da casa dos pais esse processo de partir do zero, afinal, tudo fica para trás.

Sem dúvida, trata-se de uma etapa complexa e é preciso ter muito jogo de cintura para fazer boas escolhas sem sair do orçamento, daquele planejamento financeiro que deu início a tudo isso.

Apesar disso, essa fase é aquela em que você vai, finalmente, deixar tudo do jeito que sempre sonhou.

Não compre nada por impulso. E, mesmo pensando muito, é normal que você se arrependa de algumas escolhas, já que é a primeira vez que está montando uma casa. Você pode seguir algumas dicas para não se perder entre tantas opções. Confira.

Faça as contas

Tudo começa com uma lista detalhada de tudo o que vai precisa e quanto isso vai custar. É claro que o valor final varia de pessoa para pessoa, do estilo escolhido e até do modo de vida. Quem gosta de cozinhar, por exemplo, vai querer eletrodomésticos de melhor qualidade.

Com essa lista em mãos, faça uma boa pesquisa de preço. As diferenças entre uma loja e outra podem ser enormes.

Priorize o mais importante

Quando finalmente se tem a possibilidade de montar a casa dos sonhos, pedir para priorizar pode parecer um balde de água fria. Porém, não é bem assim.

Decorar a casa não é barato, porém pode ser feito por etapas. Por isso, faça um bom planejamento e priorize o mais importante para começar.

Os itens de necessidade básica devem ser os primeiros da lista. O maior erro é gastar dinheiro com itens caros e de pouca utilidade. Você não precisará de espátulas de diversos tamanhos, um jogo completo de jantar ou uma coleção enorme de copos para cerveja.

Quando vamos a essas lojas de utilidades, descobrimos utensílios que nem sabíamos que existiam e, de repente, eles nos parecem essenciais. Esqueça! Geralmente, eles nunca serão usados e você não está em uma situação que permita esse tipo de extravagância.

Comece por aqueles itens indispensáveis:

  • Geladeira: provavelmente será o item mais caro da sua lista, mas, viver sem geladeira, significa ter que ir ao mercado todos os dias;
  • Fogão: a tentação é de comprar um micro-ondas só para aquecer a comida congelada. Contudo, com o tempo, você verá que não funciona assim. Além de querer uma comida caseira, os congelados são caros e você vai querer um fogão para cozinhar;
  • Máquina de lavar: já foi o tempo em que esse era um item dispensável. Imagine o dia que você tiver que lavar lençóis, toalhas e calça jeans na mão;
  • Cama: nem pensa em dormir com o colchão no chão. Ter uma noite bem dormida é essencial para um dia de trabalho e estudo produtivo.

E não se esqueça de comprar roupa de cama e banho, panelas, pratos, talheres e copos. Não há necessidade de jogos completos. Compre itens avulsos. Conforme for precisando, você vai comprando mais.

Tenha também um armário pequeno para as roupas, além de mesa e cadeiras para que você possa fazer suas refeições, estudar ou trabalhar.

Elabore um projeto para a sua casa

Quem vai morar sozinho, geralmente, acaba se empolgando com a decoração da casa. As compras por impulso acabam acontecendo e, além de implicarem em um recurso financeiro que não estava previsto, é comum que esse item não combine com o restante da decoração.

Um projeto pode ser uma boa ideia para evitar esse tipo de situação. Com ele em mãos, você consegue visualizar os itens em que precisará investir e, assim, não desperdiçará dinheiro.

E se você não tiver recursos suficientes para contratar um profissional para elaborar esse projeto, pesquise em sites de decoração e inspire-se, principalmente, nos modelos de apartamento para solteiros.

Garimpe móveis e objetos de segunda mão

Já foi o tempo em que objeto de segunda mão significava coisa velha, cheirando a mofo. Em sites de venda, por exemplo, você pode encontrar itens em perfeito estado de conservação e muito mais baratos do que os novos.

Muita gente se desfaz de um sofá, por exemplo, porque não cabe na casa nova, apesar de ele estar em ótima condições de uso. Essa pode ser uma excelente oportunidade para quem está montando um apartamento com orçamento apertado!

Como cuidar do orçamento doméstico?

Passado esse período inicial, que envolve mais gastos, você precisará organizar o seu orçamento doméstico.

Comece organizando suas contas. Para evitar qualquer tipo de esquecimento e, consequentemente, atrasos e multas, coloque todos os pagamentos no débito automático. Outra dica é tentar agrupar todos para a mesma data, de preferência o dia em que você recebe seu salário.

Para deixar tudo em dia, vale colocar lembretes no celular ou na porta da geladeira. Depois, anote todos os gastos. Perceba para onde vai a maior parte do seu salário e se o orçamento está equilibrado.

Para um diagnóstico real, esse processo precisa ser feito durante um mês. Você pode fazê-lo usando uma planilha simples, um caderno ou aplicativos de celular.

Com essa análise em mãos, tente economizar de 20% a 30% dos seus gastos. Você alcançará esse objetivo por meio de ações simples como utilizar lâmpada led, trocar de plano de celular ou de pacote de TV a cabo.

E lembre-se que aquele cafezinho de todo dia ou a pizza sagrada da sexta-feira podem parecer inofensivos, mas, no longo prazo, eles aparecerão como excessos, assim como o banho demorado, a luz do abajur etc.

Outra dica importante é ter sempre objetivos em mente. Morar sozinho foi uma meta. Agora que ela foi alcançada, trace novas. Isso fará com que você não perca o foco e mantenha os pés no chão com relação ao orçamento.

Para isso é importante que seus gastos fixos com supermercado, luz, telefone, condomínio, IPTU, TV a cabo e internet não ultrapassem 50% da sua renda. Se passarem disso, significa que você está vivendo além das suas possibilidades.

O ideal é reduzir os gastos fixos, eliminar os supérfluos e economizar pelo menos 10% da sua renda todo mês.

Além dos objetivos que você almeja alcançar na vida, sempre podem surgir imprevistos.

Quais as vantagens de morar sozinho?

vantagens de morar sozinho

As responsabilidades de quem decide morar sozinho aumentam. E muito! Por outro lado, são diversas as vantagens. Veja abaixo.

Montar o seu canto do seu jeito

Se você sempre sonhou em pintar uma parede de rosa choque, esse é o momento. Sua casa, finalmente, terá a sua cara.

Reunir amigos

Além da liberdade de dar festas e jantares, seu amor poderá dormir com você sempre que quiser. E vai dar até para acomodar aquele melhor amigo no sofá da sala quando precisar de um canto para dormir.

Só não se esqueça de verificar no condomínio quais são as regras relacionadas a barulho.

Definir a rotina

Você não terá mais sua mãe reclamando que a louça está suja. Por outro lado, você não terá mais ninguém para dividir essa tarefa. Porém, se o trabalho é maior, por outro lado, você poderá determinar quando e como fazer.

Conquistar novas amizades

A mudança de casa, por si só, significa novos vizinhos. E, quando se está sozinho, esta é uma ótima oportunidade de fazer novas amizades.

Uma boa vizinhança pode ser a salvação de alguém que mora sozinho. Em caso de urgências, esses novos conhecidos serão as pessoas a quem você provavelmente vai recorrer.

Ter tranquilidade e privacidade

Um apartamento exclusivamente para você! Depois de, finalmente, sair da casa dos pais você encontrará no seu canto toda a privacidade e tranquilidade que sempre desejou.

Ninguém mais questionará ou criticará suas manias ou seus horários de chegada e saída. Além disso, o controle remoto será só seu, assim como o banheiro, aquela caixa de bombom que você ganhou etc.

Quais as desvantagens de morar sozinho?

Como vimos, os custos estão entre as principais desvantagens para quem opta por morar sozinho, assim como a organização da casa, das contas e das tarefas do dia a dia.

Porém, não é só isso. Acompanhe.

Solidão

Aquela ideia de que você vai poder fazer festa todos os dias é ótima, mas, na realidade, não funciona assim. Todos têm sua vida e seus afazeres e, em muitos momentos, você poderá se sentir só.

Falta de ajuda

A família é nosso porto seguro e morar com os pais significa contar com a ajuda deles sempre.

Quando se mora sozinho, essa rede de segurança deixa de existir. Por isso, como falamos, é muito importante uma aproximação com os vizinhos. Isso, inclusive, vai manter a sensação de pertencimento ao lugar onde você está.

E não tenha vergonha de pedir ajuda!

Atenção redobrada

Você precisará ficar mais atento se fechou a torneira, apagou o fogo, fechou as janelas ou se desligou o ferro de passar. Cuide, também, da segurança da sua casa, com trancas reforçadas.

Enfim, como tudo na vida, morar sozinho tem suas vantagens e desvantagens. Junto com a liberdade vem uma série de responsabilidades, custos e escolhas necessárias. Porém, você já sabe o que fazer para minimizar esses problemas.

Veja também o episódio 01 do podcast Sonhar&Morar: