Viver à beira-mar é um sonho para muitos. E para aqueles que conseguem realizá-lo juntamente com a compra da casa própria, essa é uma conquista e tanto! Mas, embora morar na praia seja uma promessa de viver em um refúgio sereno, é importante fazer escolhas certeiras de materiais resistentes para amenizar os efeitos da maresia, da umidade alta e da pouca ventilação. Para evitar que isso aconteça, trouxemos para você algumas dicas das arquitetas Ieda e Carina Korman, do escritório Korman Arquitetos

Cuidados essenciais para morar na praia

À beira-mar, reinam a brisa salgada e o sol escaldante. Portanto, a escolha dos materiais e as soluções construtivas pode ser desafiadora. Segundo as arquitetas, como as casas de praia estão constantemente expostas aos efeitos corrosivos da maresia, à intensidade dos raios solares e aos ventos fortes, característicos do litoral, é preciso fazer escolhas arquitetônicas e decorativas que envolvam durabilidade e estética. 

Desafios e soluções para quem pretende morar na praia

Raios solares

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Foto: gru pictures/ Shutterstock

A exposição prolongada ao sol pode causar danos aos materiais de construção como a descoloração, a deterioração prematura e até mesmo o comprometimento estrutural. A pintura e revestimento da superfície externa são especialmente os mais vulneráveis à ação dos raios UV. Com o passar do tempo, as cores podem perder o seu brilho original, da mesma forma que a madeira não tratada pode rachar e deformar. Além disso, o impacto dos raios solares resulta no ressecamento e possível quebra de materiais plásticos e móveis externos.

Minimizando os efeitos das altas temperaturas

Como a ação do tempo é inevitável, Carina Korman alerta que é importante selecionar materiais com propriedades UV resistentes e aplicar revestimentos protetores que ajudem a preservar a integridade estética dos elementos construtivos. Além do mais, quando houver madeira, é preferível comprar do tipo tratada e com coberturas protetoras como vernizes e selantes. Também é recomendado evitar o uso de vidro comum, materiais não oxidáveis, como latão e cobre, e materiais plásticos baratos, como PVC e polímeros, sobretudo em móveis que ficam expostos em áreas externas, como as varandas. 

morar na praia
Foto: New Africa/ Shutterstock

A paleta de cores também contribui para amenizar o calor. Neste caso, o ideal são as combinações que transmitem frescor e leveza. Por isso, dê preferência aos tons claros com pontos de cor. Cores e combinações clássicas como azul, branco, verde, amarelo e tons de areia são escolhas certeiras. “O azul marinho ou oceano, o branco para refletir luz e a sensação clean, o verde-água para lembrar a natureza e o amarelo suave para lembrar o pôr do sol, são opções perfeitas”, ensina Ieda Korman. 

Projeto de Korman Arquitetos (Fotos: Gui Morelli)

Além das cores, combinar texturas diferentes, como madeira, fibras naturais e tecidos, ajuda a criar um ambiente aconchegante, enquanto as plantas devem ser resistentes à salinidade e ao sol forte, como grama-sal, junco marítimo, agave e suculentas.

Maresia

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Foto: Paul Vinten/ Shutterstock

Definitivamente, esse é um dos maiores problemas de quem vive em casa de praia. Esse processo natural decorrente da água salgada do mar, propicia a corrosão e a umidade. Diante disso, a maresia atua como agente oxidante nos metais, resultando em ferrugem, corrosão galvânica e outros tipos de deterioração. Enquanto a umidade favorece o desenvolvimento de mofo, bolor e fungos, além de provocar danos estruturais em paredes, pisos e tetos por meio de rachaduras e fissuras.

Minimizar os efeitos da maresia é possível
Foto: NIKCOA/ Shutterstock

Para evitar uma possível deterioração de móveis, revestimentos, canos etc, as arquitetas recomendam o uso de materiais resistentes, como aço inoxidável, alumínio e ligas de bronze, que são menos suscetíveis à oxidação, além de técnicas de impermeabilização eficazes durante a construção e a manutenção da casa, como selantes de silicone, tintas impermeabilizantes e sistemas de drenagem para direcionar o escoamento da água.

Para lidar com as águas pluviais e prevenir a erosão costeira, a incorporação de sistemas de drenagem integrados ao projeto arquitetônico é fundamental. Tais sistemas canalizam eficientemente a água longe da casa, preservando não apenas a integridade da estrutura, mas também o ambiente ao redor.

Foto: Praiwan Wasanruk/ Shutterstock

Os móveis planejados também requerem atenção. A melhor opção são os de MDF náutico ou madeira maciça, que suportam a umidade.  Esta é uma solução prática, sobretudo para quem tem medo de perder móveis em razão da maresia ou umidade. Além do mais, é recomendável deixar os móveis afastados do piso e suspensos ou sobre bases de alvenaria.

Ventania

Foto: Yavdat/ Shutterstock

Outro problema que o morador de praia enfrenta são os ventos fortes e tempestades tropicais. Dependendo da região onde for morar, Carina Korman sugere o reforço da estrutura com concreto armado e madeira tratada.

Janelas grandes permitem a circulação de ar, trazendo a luz natural, mas é necessário reforçar as ferragens e fechaduras. Ademais, prefira usar cortinas a persianas de metal, pois são mais fáceis de higienizar e não sofrem corrosão com a ação do tempo.

Manutenção preventiva é imprescindível tanto para moradia quanto para estadia

Foto: Creative Cat Studio/ Shutterstock

Se a sua intenção é ter um apê de temporada, saiba que os cuidados citados também têm que ser seguidos à risca. Para as casas de férias, que acabam ficando fechadas durante boa parte do ano, o alerta é dobrado, pois é preciso antever os problemas. Busque em soluções para amenizar a pouca ventilação e o excesso de umidade, como o uso de armários com portas de veneziana, assim como a utilização de desumidificadores e a cobertura de aparelhos eletrônicos, como a TV.

Morar na praia é um sonho para muitos, mas exige planejamento e cuidados especiais. Com a escolha correta dos materiais, a aplicação de técnicas de impermeabilização e a adoção de soluções adaptadas às condições do local, você poderá desfrutar de todos os benefícios de viver à beira-mar.