Dá para morar com mais calma? Dá para fazer da casa um lugar que acolha a gente, as visitas, o tempo, as memórias? A CASACOR São Paulo 2025 afirma que sim. E propõe isso na prática: com 73 ambientes espalhados pelo Parque da Água Branca, a mostra deste ano convida a uma experiência de afeto, descanso e reconexão com o que é essencial.

O tema “Semear Sonhos” parece simples, quase poético, mas é também uma resposta à vida acelerada que as pessoas vivem lá fora. Assim, a casa deixa de ser só um espaço funcional e vira abrigo emocional. Quer saber como? Continue a leitura!

CASACOR São Paulo 2025: um respiro em meio à cidade

CASACOR São Paulo 2025
Parque da Água Branca (Foto: Paulo Jr/ Shutterstock)

É difícil pensar em um lugar mais simbólico para essa proposta do que o Parque da Água Branca. No meio do caos urbano da Zona Oeste de São Paulo, entre avenidas movimentadas e concreto por todos os lados, a CASACOR escolheu justamente um pedaço da cidade onde o tempo parece correr mais devagar.

Quem visita a mostra é recebido por árvores centenárias, caminhos de terra batida, galinhas ciscando entre os prédios históricos e um som ambiente que mistura passarinhos com o barulho suave das folhas. Não é só decoração. É contexto. E isso transforma a forma como se percebe os ambientes.

Instalada em construções tombadas dos anos 1920, a CASACOR deste ano faz um convite à pausa. Os projetos dialogam com o entorno, ou seja, muitas salas se abrem para o verde, os jardins internos parecem prolongar a paisagem do lado de fora e as escolhas de materiais naturais reforçam essa integração.

Ao ocupar esse espaço público cheio de história e natureza, a mostra também propõe uma reflexão: como podemos viver melhor nas cidades que já existem? A ideia de “semear sonhos” ganha peso justamente por isso: não se trata de construir do zero, mas de cultivar no que já está plantado. E assim pode ser também na sua casa. Inspire-se!

Quais as tendências da CASACOR São Paulo 2025? 

Natureza para dentro

Ale Mellos Arquitetura de Interiores – Gazebo da Botânica (Foto: Roberta Gewehr)

Se antes a natureza era vista como algo do lado de fora da casa, como jardim, varanda e quintal, agora ela invade os interiores. Jardins internos, paredes vivas, hortas nas cozinhas, vasos suspensos, plantas no meio da sala. 

A natureza não aparece como enfeite, mas como parte essencial da arquitetura. Em muitos projetos, ela é o ponto de partida. É como se o morar contemporâneo tivesse entendido que não dá pra se sentir em casa sem alguma conexão com o que é vivo.

Cores da terra

Natália Xavier – Ciclos do Agora (Foto: Denilson Machado, do MCA Estúdio)

Não tem neon, não tem branco absoluto, não tem preto brilhante. O que domina a paleta da CASACOR São Paulo 2025 são tons que aquecem e acolhem, como terracota, argila, caramelo, areia e verde-mata. São cores que vêm direto da natureza e que, só de olhar, já trazem uma sensação de aconchego. Elas estão nas paredes, nos estofados, nos objetos e até no teto.

Esses tons terrosos conversam com a proposta de desacelerar. São menos sobre impacto visual e mais sobre permanência. Em vez de cansar com o tempo, eles confortam. E têm algo de atemporal também, pois remetem a chão batido, barro cozido, madeira envelhecida, sol do fim da tarde. Tudo que nos conecta com a ideia de abrigo, de memória e de vida vivida com calma.

Um certo ar de nostalgia

Daniel de Castro Cunha Arquitetura e Interiores – Escritório Urbano de uma Jovem Amazona (Foto: Carolina Mossin)

Muitos projetos da mostra trazem aquela estética de casa vivida, onde o tempo deixou boas marcas. Armários de madeira escura, cristaleiras, mesinhas de canto que parecem ter saído da sala da avó, sofá com estampa de floral, artesanato, objetos herdados. Mas tudo isso aparece de uma forma que o antigo tenha uma aura de atual. 

O vintage encontra o contemporâneo em combinações improváveis que funcionam. Uma poltrona retrô sob um pendente minimalista, um tapete de lã com arte digital na parede. Essa mistura de gerações cria uma camada emocional nos espaços. E tudo isso pode ser facilmente incorporado no seu lar, independentemente do tamanho e dentro de um orçamento realista.

Curvas no lugar de cantos

Daniela Funari Arquitetura – Recanto de Histórias e Cores (Foto: Bia Nauiack)

As linhas retas, tão presentes na decor dos últimos anos, deram uma pausa. Na CASACOR São Paulo 2025, as curvas são as protagonistas. Nichos arredondados, bancadas sinuosas, cabeceiras com formas orgânicas e arcos que conectam ambientes. 

Essa estética mais fluida conversa com algo que se vem buscando fora da casa também, menos rigidez, mais adaptação. O resultado são ambientes que não emparedam, mas abraçam, e que transformam a casa em um lugar onde tudo flui com mais leveza.

Luz que toca

Giovanni Vespe Arquitetura – Solos do Tempo (Foto: Israel Gollino)

Na CASACOR São Paulo 2025, a luz não é só técnica, ela é afetiva. Esqueça aquela iluminação branca e homogênea que acende tudo de uma vez. Aqui, a luz aparece indireta e suave. Vem de sancas escondidas, abajures articuláveis, pontos focais pensados para criar climas, não claridade. É uma luz que molda o espaço com delicadeza.

Mais do que iluminar, ela cria atmosfera. Um canto de leitura com luz âmbar que lembra o fim de tarde. Uma sala com pendentes baixos que convidam à conversa. Um quarto que parece acalmar só de acender. A iluminação vira um gesto de cuidado, de atenção, de presença. 

Tecnologia que se esconde

Rodra Arquitetura – Estúdio Potiguar (Foto: Juliano Colodeti, do MCA Estúdio)

A tecnologia está lá, mas você quase não vê. E essa é justamente a intenção. Na CASACOR São Paulo 2025, os ambientes mostram que é possível viver cercado de inovação sem que a casa pareça um showroom de gadgets – no estilo Digital Cosy. Os eletrodomésticos estão embutidos, os fios desapareceram, a TV parede um quadro e a iluminação responde ao toque ou à voz. 

É o que os curadores chamam de tecnologia invisível, aquela que serve ao bem-estar sem roubar a cena. Em vez de telas chamativas e comandos complicados, o foco está na experiência fluida, conforto térmico, luz na medida certa, som ambiente. A casa se adapta à rotina de quem vive ali, sem que essa adaptação vire espetáculo. E o melhor é que já existem diversas tecnologias acessíveis (veja aqui: Casa do futuro: conheça 5 tecnologias acessíveis)!

Afinal, por que tudo isso importa?

A forma como moramos molda a forma como vivemos. Quando a casa deixa de ser só um ponto de apoio entre o trabalho e os compromissos, e passa a ser um lugar de presença, de cuidado e de pausa, algo dentro de nós muda também. A CASACOR SP 2025 traduz exatamente esse movimento, o desejo de uma casa que abrace, que conte nossa história e que acompanhe o ritmo da vida que a gente quer levar.

Dessa forma, o lar virou o centro das nossas escolhas. A estética do afeto, a luz que conforta, a natureza que entra, a tecnologia que não grita, tudo isso aponta para uma mudança de prioridade. Mais do que beleza, a gente quer significado. Então, a grande tendência deste ano não é um estilo ou uma cor, mas uma mudança de ritmo. A ideia de que o lar pode (e deve) ser um lugar para respirar melhor, se desligar um pouco e se reconectar com o que realmente importa.