Comprar o próprio imóvel é o sonho de muitos brasileiros. Para realizá-lo, uma grande parte recorre a instituições financeiras e divide o pagamento ao longo de anos. Porém, pode acontecer de, em algum momento, o orçamento familiar ficar comprometido e acabar atrasando o pagamento da parcela do financiamento. O que fazer diante desse problema? Se você também tem essa dúvida, veja a seguir as melhores maneiras de resolver a situação.
Quais as consequências de atrasar parcelas do financiamento?
Segundo o modelo de financiamento usado hoje no Brasil, que prevê a alienação fiduciária, o imóvel é uma garantia do pagamento do financiamento. Portanto, caso o mesmo não seja feito, o banco tem o direito de solicitar o imóvel judicialmente. O tempo de atraso até que a instituição faça o pedido varia, mas a lei permite que o processo de execução seja iniciado já a partir de 30 dias de atraso da primeira parcela. No mercado em geral, as instituições costumam esperar até 60 dias de atraso.
Contudo, mesmo que a execução se inicie, você ainda pode negociar o pagamento com o banco. Mas, neste caso, é bom saber que além de pagar as prestações atrasadas, também será preciso arcar com o valor das taxas pagas ao cartório devido ao processo.
Outra consequência do atraso é a perda de benefícios. Alguns bancos oferecem taxas com desconto quando o pagamento é efetuado em dia. Mediante atrasos, ele pode suspender esse desconto, deixando o valor da prestação mais alta.
Como lidar com o atraso nas parcelas do financiamento?
Pague o quanto antes
Pode parecer contraditório dar esse conselho a quem atrasou o pagamento, mas ele é a primeira saída. Reveja o orçamento familiar e reorganize as prioridades na tentativa de conseguir fazer o pagamento o quanto antes. Se for preciso, não hesite em abrir mão de outros planos provisoriamente. Vale cancelar a viagem, adiar a compra do carro ou mudar os filhos de escola. O importante é cumprir os compromissos assumidos para evitar um processo de execução que dê ao banco o direito de retomar o imóvel.
Tente uma renda extra
Se o problema for decorrente de alguma situação pontual, em que um dinheiro a mais possa resolver, uma boa alternativa é reunir toda a família e avaliar quem, onde e como cada um pode conseguir aumentar sua renda mensal. É possível conseguir uma renda extra até com trabalhos feitos a partir de casa. São diversas opções que você pode explorar a partir de suas habilidades.
Reveja o planejamento familiar
Muitas vezes, pequenos deslizes acabam comprometendo nosso orçamento. É importante rever com atenção o planejamento financeiro, se ele está sendo respeitado ou, se você não tem um, é hora de começar já o da sua família. Nesse processo, verifique as contas que podem ser revistas, reduzidas ou eliminadas. Adotar uma cultura de economia pode ajudar a economizar dinheiro de verdade: economize no mercado, reduza o valor das contas de água e luz, no gás de cozinha e até com a adoção de hábitos mais sustentáveis. E o mais importante: evite os hábitos que te impendem de economizar dinheiro.
Verifique a possibilidade de ter e sacar FGTS
Você sabia que agora pode usar o saldo do seu FGTS para amortizar, quitar ou pagar parte da parcela do financiamento imobiliário? Se você tem o recurso, a melhor alternativa é sacá-lo para realizar o pagamento da sua parcela atrasada, afinal, o valor guardado, pela lei, rende 3% ao ano, enquanto os juros do financiamento, especialmente no caso de atraso, são bem maiores.
Peça ajuda
Se o problema for apenas pontual e passageiro, uma das opções é avaliar uma opção de empréstimo. Essa não é uma alternativa interessante para grandes valores, já que essas operações financeiras costumam ter juros mais altos. Portanto, recorra a essa solução com muita cautela, avaliando o valor dos juros e das parcelas e como elas podem ser incluídas no seu planejamento financeiro familiar. Do contrário, a medida irá apenas agravar o problema no futuro.
(Re) negocie com a instituição financeira ou construtora
Se as prestações não estão realmente cabendo no seu bolso, provavelmente é hora de procurar o banco que fez o financiamento para tentar reduzir o valor da parcela, aumentando o prazo de quitação do financiamento.
O banco manterá a taxa de juros, o que significa que ao final o valor do imóvel será maior que o estabelecido no início. Porém, é mais interessante fazer essa adaptação e conseguir uma parcela que cabe em seu orçamento do que perder o imóvel por falta de pagamento, arcar com juros recorrentes de parcelas atrasadas e toda a dor de cabeça e estresse que essa situação desencadeira.
Tente a portabilidade da dívida
Se o seu banco não aceitar negociar, a legislação dá a possibilidade de levar sua dívida para outra instituição que cobre juros menores ou ofereça um prazo maior. No entanto, antes de fazer a portabilidade do seu financiamento, pesquise bastante sobre os custos envolvidos na operação e os juros reais cobrados para não cair em uma armadilha e acabar apenas mudando o problema de lugar e pagando muito mais pelo imóvel.
Verifique se é possível continuar pagando
Se o atraso aconteceu por um problema pontual, acerte o pagamento e continue com seu financiamento normalmente. Mas se você perceber que as prestações realmente não são compatíveis com seu orçamento, mesmo diante de uma renegociação, pense em outras alternativas. Talvez a melhor solução seja tentar vender o imóvel, quitar o financiamento e escolher uma outra opção no mercado, compatível com a sua renda. Esse não é o plano inicial de quem compra uma propriedade, mas é melhor que perdê-lo para o banco depois de sucessivos atrasos.
Mas tenha calma, há muitas maneiras de tentar resolver o problema antes de tomar a medida mais impactante. Contudo é preciso entrar em ação: haja com cautela, mas haja, afinal, todo esforço é válido para proteger o seu principal patrimônio.